UM POUCO SOBRE LATAKIAS

A Latakia recebeu esse nome em virtude da região da Síria onde inicialmente era produzida. É um folha de coloração escura, que oscila entre o castanho escuro e o negro, processada a partir da planta de tabaco Oriental chamada “shekk-el-bint” ou “shek-el-bent”, cuja cura é no fogo, defumando as folhas com fogo resultante da queima de arbustos, troncos e madeiras perfumadas, resultando em uma folha extremamente defumada, seca e quebradiça.
As folhas de shekk-el-bint antes de curadas sobre o fogo, apresentam fortaleza alta e sabores intensos. Mas após passarem pelo processo de transformação em Latakia, perde-se quase a totalidade dessa fortaleza, apresentando baixo teor de nicotina e sabores defumados marcantes. Os sírios chamam a sua Latakia de “Abourihm”, que significa Rei do Sabor.
Devido à grande procura dessas folhas no mercado mundial e à limitação da produção na Síria, a maior parte da produção da Latakia provém agora do Chipre, embora o tabaco que utilizam para o fazer seja Izmir (ou Esmirna em português brasileiro), conseguindo uma aparência e sabor semelhantes ao do Latakia Sírio.
É importante ressaltar que não existe folha de tabaco natural conhecida como Latakia, sendo esta fruto de um método de cura do tabaco. Portanto, é apropriado falar de Latakia como um tipo de tabaco processado e não como um varietal do próprio tabaco.
Portanto, temos dois tipos de tabaco Latakia:
1. Latakia Síria, processada a partir do Shek-el-Bint;
2. Latakia Cipriota, processada a partir de Izmir, variedade de Tabaco originário da Turquia. As folhas desses fumos são pequenas devido ao intenso calor da região e à falta de água que existe em suas terras.
Sua cura geralmente é feita sob calor do sol.
O teor de nicotina é muito baixo: entre 0,8% a 2,1%. Seu teor de açúcar, ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, é médio-alto, variando de 5% a 11%.
São tabacos com muito sabor e aroma; mas muito pouca força devido ao baixo teor de nicotina. Devido ao seu sabor muito proeminente, a porcentagem utilizada nas misturas costuma ser baixa.
Em geral, esse tabaco é usado nas misturas inglesas e orientais / balcânicas, mas sempre em pequenas quantidades devido ao seu sabor intenso, caso contrário anularia o sabor dos demais tabacos que compõem a mistura.
Características
A experiência de se fumar misturas Latakiadas
Misturas latakiadas queiram lentamente e acentuam o sabor de todos os tabacos se misturados nas proporções certas. Quando a quantidade de folhas de Latakia Cipriota em uma mistura fica em torno de 10%, seus profundos e singulars sabores doces afloram de maneira espetacular.
Até 45% de Latakia Cipriota em uma mistura, é possível perceber sua evolução, assim como é possível perceber as outras folhas que compõe a mistura. Mas acima de 45%, a Latakia se sobressairá perante quaisquer outros varietais que estiverem na mistura, ocasionando perda de nuances e complexidade, além de uma experiência de fumada unidimensional.
Existem diversas receitas na atualidade com mais de 45% de Latakia Cipriota na composição e que são aclamadas pelos cachimbeiros “LataLovers”. No entanto, nos parece que essas misturas sejam mais apreciadas pela “experiência latakiana” do que pela sua sutileza, complexidade e evolução de sabores.
A combinação da folha Cipriota com o tabaco Oriental (Samsun, Izmir, Yenidje, entre outras) é talvez a experiência mais harmoniosa e sublime que um cachimbeiro conseguirá vivenciar nas suas aventuras tabagistas. No entanto, é nessa mescla (Latakia + Orientais) que o blender precisa ter mais cuidado, pois devido à sua delicadeza, os tabacos Orientais são facilmente dominados pelos sabores intensos da Latakia.